Hoje li uma frase que me fez refletir sobre nossas
expectativas. A frase é a seguinte: “Os inimigos não traem, apenas causam
decepções. Só os amigos traem..." (Augusto Cury). Concordo com o autor
quando diz que os inimigos não nos traem, porque deles não esperamos nada
diferente, quanto à causa decepção acho que fica no mesmo critério, se não
espero nada não pode me decepcionar. Agora os amigos traem e decepcionam,
porque deles esperamos até o que nunca oferecemos.
Acho que hoje vivemos esperando mais dos outros e menos
de nós. Tenho a certeza que em um mundo onde os relacionamentos são cada vez
mais distantes, frios e impessoais. Onde sabemos o que se passa do outro lado
do mundo, mas desconhecemos a dor do nosso vizinho, e vou ainda mais longe,
desconhecemos a dor do nosso irmão; sim o irmão de sangue, irmão que crescemos
e aprendemos junto. Sem contar com a dor de nossos outros irmãos-amigos, ou
irmãos em Cristo.
Apesar de frívolas e distantes os relacionamentos de
hoje são mais cheios de expectativas. Queremos ver no outro o que não vemos em
nós. Esperamos dos poucos que nos permitimos participar de nossas vidas, aquilo
que eu nunca ofereci a ele. Buscamos encontrar no outro o ser perfeito que
nunca serei.
Voltando a frase, o que seria traição? Seria traição
esperar do outro a atenção que não dou? Seria traição esperar do outro o
empenho no nosso relacionamento, que eu nunca ofereci? A traição não é só do
outro, mas também minha. Ao não permitir que ele viva, que ele participe da
minha vida na intensidade que este relacionamento pede. É preciso quebrar as
máscaras, os escudos que fingem nos proteger do mundo, e nos abrir aos
relacionamentos.
Todo relacionamento causa dor, decepção, mas é através
deste sofrimento que aprendemos com o outro. É através das decepções que
aprendemos a quem podemos nos abrir, seu eu não me abrir nunca serei capaz de
conhecer o outro na intensidade que precisa.
Saiamos do mundo supérfluo, dos relacionamentos
superficiais e busquemos a cada dia mais nos aprofundar em nossos
relacionamentos. Que sejam poucos, mas que sejam bons. Tenhamos a preocupação
de querer saber qual a dor do meu irmão, e ser nesta dor um pouco de bálsamo
para aliviá-la.
Leandro Mello
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