"Semeia, semeia sempre, em todo terreno, em todo tempo, em todo lugar a boa semente. Com amor e interesse: como se estivesse semeando o próprio coração."
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
MAIS UM DIA... PELA JANELA
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
CIRCULOS DENTRO DE UM CIRCULO,
muito antes de ter adoptado formas
rigorosamente geométricas
(para fugir à anarquia)
pintei este arco negro ligando duas zonas
da mesma paisagem: ponte escura
por onde -tu que me olhas- podes passar
ao encontro da intensa chama das manhãs
e do outro lado do arco onde o vento e a árvore
se perdem na euforia de suas próprias cores
-escndido atrás da tela- vejo-te
cada vez mais próximo como se avançasses
pela desintegração do átomo ou pelo deslumbramento
dos lumes te acercasses de mim: o olhar envolto
na teia harmoniosa de colorida música
Kandisnsky
terça-feira, 28 de setembro de 2010
REVOLTA
Meu livro de fantasmas
Sobreviveu! Relembro o que ninguém esqueceu
Loucas letras... Pintadas de côr do céu.
Eu só!
Em grandes gemidos
Envergonhados.
Carpitando
Como uma réu
Julgada sem um perdão.
Jamais esquecerei até ao fim
Dos tempos imputados em mim
A grande sobrevivente
De causas inocentes.
Em grande explosão
Ouço em alta voz
O meu coração.
Julgarão que parto
À aventura do furacão despeitado
Que num sopro de ar negou os restos
À destruição...
Do meu humilhado ser.
Pintura: Adolfo Payés
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
CIRCULO
Faço transbordar UM COPO DE SOL
sobre o meu desnudado corpo...
Em cascatas da côr do fogo.
Bebo UM CÁLICE DE LUA
Onde me espelho...
No circulo que me fez SUA!
Maria Valadas
Pintura de Ozin Guo Piny
domingo, 26 de setembro de 2010
O TEMPO VOA... MAS NÓS TAMBÉM PODEMOS VOAR
Autor: José Rios
sábado, 25 de setembro de 2010
ESSA LUZ
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
O VASO QUEBRADO
O vaso desta flor, que morre breve,
feriu-o um dia um leque distraído,
e de um golpe tão rápido, tão leve,
que nem se ouviu o mínimo estalido.
Mas a tênue ferida traiçoeira,
no límpido cristal rasgando a
traça, lentamente cresceu, de tal maneira,
que, invisível, o vaso todo abraça.
Gota a gota, fugiu-lhe a água do seio,
que seiva, às flores, o perfume amado;
ninguém, por ora, o caso a saber veio.
Não lhe toqueis, porém: - está quebrado!
Tal, às vezes, da linda mão querida
tocado, o coração chora e padece;
e, enfim, cedendo à pérfida ferida,
parte-se, e a flor do seu amor
fenece.
Perfeito e alegre ele parece ao mundo;
porém, sem a denúncia de um gemido,
sente o golpe crescendo-se profundo...
Não lhe toqueis: - é um coração partido!
RENÉ FRANÇOIS ARNAUD PRUDHOMME
(Poeta francês - Trad. de Valentim Magalhães)
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
DESEJO AMANTE
Elmano, de teus mimos anelante,
Elmano em te admirar, meu bem, não erra;
Incomparáveis dons tua alma encerra,
Ornam mil perfeições o teu semblante:
Granjeias sem vontade a cada instante
Claros triunfos na amorosa guerra:
Tesouro que do Céu vieste à Terra,
Não precisas dos olhos de um amante.
Oh!, se eu pudesse, Amor, oh!, se eu pudesse
Cumprir meu gosto! Se em altar sublime
Os incensos de Jove a Lília desse!
Folgara o coração quanto se oprime;
E a Razão, que os excessos aborrece,
Notando a causa, revelara o crime.
Manuel Maria Barbosa du Bocage - Grande poeta Portugues
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
INSTANTES DE SOLIDÃO
"Como posso estar assim? O que estou fazendo comigo? O que estou fazendo da minha vida? Cadê aquela fortaleza que havia em mim? Se desfez, quebrou, desmoronou rapidamente....
É sempre assim, quando menos espero isso vem de novo...
Essa onda acaricia meus pés e em seguida domina meu corpo
Me invade a alma
Envolve meu corpo
E me deixa completamente perdida
Sem saber para onde ir
Sem saber o que pensar
Sem saber com quem falar
Sem poder ao menos sonhar...
O amanhã é sempre uma surpresa
Eu preciso do tempo como necessito do meu espírito neste corpo
Mas até quando me vejo vagando por instantes?
Penso que tudo vai ficar bem...
Que tudo passa...
Que tenho que VIVER cada segundo como se fosse o último
Que tenho que aceitar essa situação
Que te ter por instantes satisfaz a enorme ausência de ti em mim....
Acalma ...
Relaxa...
Uma explosão de luz, felicidade e paz vem de repente, e se vai ao mesmo tempo
As vezes fica por um breve e precioso tempo
As vezes se instala de uma tal forma que dói
E fica horas, dias ou até meses, quem sabe?
O dia amanhece, e é mais uma surpresa que surge com ele
Não sei o que há de me concederem
Só sei que com vida, novamente sou presenteada
E vejo que o desafio continua
Tento desafiar meu próprio coração
Meu corpo também....
As vezes vejo que chego ao limite...
E que minha fraqueza domina
Sem forças não consigo me encontrar
E apenas deixo a vida me levar
A onda acariciar meu pés novamente
Olho para o infinito
E de repente tudo me acalma e tranqüiliza
Escuto o barulho do mar
E minhas mágoas, tristezas, e lamentações se vão de repente
Fico dominada pela vida
E nesse momento te queria ali, ao meu lado
Queria te falar da paz que me dominara naquele instante
Ou até mesmo coisas que o tempo me ensinou nesta tua ausência
Mas vejo que estou só
Que não há ninguém comigo, além de espíritos protetores
E assim continuo seguindo
Um dia após o outro
Um pôr-do-sol maravilhoso me acalenta novamente
Olho para o nada e vejo tudo
Consigo enxergar esse enorme vazio que há no meu ser
Até quando? Não sei!!!!!"
Thaiza Dias
terça-feira, 21 de setembro de 2010
ESPERANÇA AMOROSA
Sombra propícia aos crimes e aos amores,
Hoje serei feliz! --- Longe, temores,
Longe, fantasmas, ilusões do medo.
Sabei, amigos Zéfiros, que cedo
Entre os braços de Nise, entre estas flores,
Furtivas glórias, tácitos favores,
Hei-de enfim possuir: porém segredo!
Nas asas frouxos ais, brandos queixumes
Não leveis, não façais isto patente,
Quem nem quero que o saiba o pai dos numes:
Cale-se o caso a Jove omnipotente,
Porque, se ele o souber, terá ciúmes,
Vibrará contra mim seu raio ardente.
Bocage
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
RUÍNAS DO CORAÇÃO
Era meu coração um palácio romano,
de mármore construído e pedrarias caras;
muito cedo as paixões invadiram-no, ignaras,
num confuso tropel de bárbaros, insano.
E tudo desabou... Nenhum rumor humano;
só mochos e réptis; flores sem viço e raras;
partidos pelo chão, porfírios e carraras,
e a encobrir o caminho o matagal profano.
Diante desse desastre eu fiquei muitos dias;
manhãs, tardes sem sol e noites sem fulgores
passaram; lá vivi horas longas, sombrias.
Mas surgiste, afinal, numa luz soberana!
E audaz, para abrigar nossos doces amores,
das ruínas do palácio ergui minha choupana.
( Poeta francês -Trad. de Alvaro Reis)
domingo, 19 de setembro de 2010
MUNDO GRANDE
Não, meu coração não é maior que o mundo.É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores.Por isso gosto tanto de me contar.Por isso me dispo, por isso me grito,por isso frequento os jornais, me exponho cruelmente nas livrarias: preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tú sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem...sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendí a linguagem
com que os homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 18 de setembro de 2010
NÃO SOUBE DO MUNDO
Arranco os pedaços de versos
que guardo no ventre
e choro a dor lacerante que
me adelgaça a cintura.
Não queria abandoná-los
assim, ensanguentados,
serenos, miseráveis,
apaixonados, ainda!
Não queria largá-los
à podridão do tempo
mas o vento que outrora
me desfolhava e os versos levava
fugiu de mim.
Não arrasto sozinha o peso das palavras
que te dedico.
Não amo o suficiente a solidão
das noites em que me sinto pontapeada.
Não suporto mais a veemência
ilusória dos dias partilhados.
Arranco os pedaços de versos
e deito-me no leito
da minha crueldade,
à espera que isso me fortaleça.
Vera Carvalho
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
SEJA FONTE...
Seja Porto...
Porto de chegada de almas cansadas,seja porto para aqueles que andam perdidos pelo mundo,e que precisam de um lugar tranquilo para descansar o fardo que carregam.Para ser porto de chegada, abrace, afague, receba, dê boas vindas.Seja porto de saída, saída para quem precisar partir,despedindo-se das ilusões, das dores,dos fracassos e decepções,partindo para uma vida melhor; para isso,ajude, apóie,converse, estenda as mãos, ouça, oriente.Seja também um porto seguro,para quem te ama e te precisa,porto seguro para os amigos, para a família,para quem precisar.Para ser porto seguro, esqueça o ego e pense no próximo,esqueça suas dores e amenize as dores do próximo.Esqueça sua fraqueza e se torne forte para os outros.Se você não tem motivos para ser feliz,seja feliz por ser porto,para receber aqueles que procuram por ti.
Seja Ponte...
Seja Estrada...
Estrada longa, gostosa de passear,estrada iluminada de dia pelo Sol e de noite pelo luar.Seja estrada que guia,estrada que conduz a outros caminhos.Se você não tem outro motivo para ser feliz,seja feliz por ser estrada,estrada dos peregrinos da vida, estes plantarão flores aos seus pés.Seja estrada para os caminhantes do tempo,estes regarão as suas flores.Seja estrada para os andarilhos do mundo,estes poderão colhê-las, e sentir o seu perfume.
Seja Estrela...
Seja a estrela que mais brilha no firmamento.Seja a estrela inspiradora dos poetas,dos românticos e apaixonados. Para ser estrela, ilumine os que te cercam,distribua luz gratuitamente. Seja estrela guia, estrela da sorte. Se você não tem outro motivo para ser feliz, seja feliz por ser estrela, porque as estrelas estão sempre no alto, são soberanas porque guiam os navegantes.
Chuva que molha os corações secos,vazios de amor, de esperança, de paz.Seja chuva que inunda os campos áridos,que molha os jardins,que dá vida a toda vegetação,e faz transbordar os rios.Se você não tem outro motivo para ser feliz,seja feliz por ser chuva;a chuva é sempre esperada,porque dela depende a continuidade de toda a humanidade.
Seja Árvore...
Árvore que dá frutos para quem tem fome,
que dá sombra e refresca
o árduo calor dos caminhantes que seguem pela vida.
Seja árvore que aninha, que acolhe os passarinhos,
que enfeitam os quintais.
Se você não tem outro motivo para ser feliz,
seja feliz por ser árvore.
Porque ser árvore é ter raízes sólidas e profundas.
É ter braços que se alongam, que se estendem...
É produzir flores para enfeitar a alma de alguém,
é ser forte e enfrentar temporais.
É ter suas folhas embaladas pelo vento,
é ser molhada pela chuva,
e acalentada pelo Sol, é fazer parte da Criação,
como um ser único.
Ser Fonte,
ser Porto,ser Ponte ou Estrada,
ser Estrela,
ser Chuva ou ser Árvore...
é servir a Deus.
Glácia Daibert
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
SE...
Todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos os teus senhores;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo que existe no mundo
E o que é mais - tú serás um homem, ó meu filho!
Autor: Rudyard Kipling (1865-1936)
Tradução: Guilherme de Almeida
(Extraído de: Bennett, William John. "O Livro das Virtudes". Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1995)
QUE SENTIDO DAR A ESSA CRUZ EXISTENCIAL?
Cruz nossa de todo dia
Fonte de luz e redenção.
Fonte de vida e de ressurreição
Cruz bendito
Bendita cruz
Cruz humana
Humana cruz
Vértice sagrada
Madeiros santos
Salvação de Deus
Cruz de Cristo
Dolorosa Cruz
Graça erguida
Cristo reluz
Reluz a vida
Morte não há.
Cristo e vida
Alegra a vida
A vida se faz vida
Quando vivida, faz viver
A cruz de todo dia...
Guilherme Luiz
terça-feira, 14 de setembro de 2010
EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ
A sua morte na cruz trouce sobre nós a sua luz, a coroa de espinho que li coroou tudo ele suportou para demostra para todos nós o seu grande amor,
Os cravo que sua mão furou esse sofrimento ele agüentou para que hoje ele pudesse compreender a sua dor,O seu sangue que cairão sobre o chão semente que nascerão no seu coração para produzi frutos da sua salvação,chicote que li baterão são suas rejeição para com o autor da sua libertação,
Lança que li furarão não sabendo eles que furava o seu pai amigo e irmão por que somos seus filhos pela redenção,
A multidão que li humilhava que li apedrejava que li condenava mesmo assim ele perdoava porque ele amava.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
BÍBLIA
Caminhei perdido no mundo
Sem bem saber pra onde ia:
Caminhei co'a vida vazia
- Repleta do vácuo profundo...
Miserável, não percebia
Como era tão vil, tão imundo:
Nunca adiantaria ter tudo
- Se a vida de mim se esvaía...
Meu fim seria a morte certa,
Preso nesta horrível tortura,
Sozinho...
Mas, glória! A porta foi aberta:
Achei só na Santa Escritura
O caminho...
Ederson Peka
domingo, 12 de setembro de 2010
MÃE APARECIDA
Nos primeiros instantes de minha vida, a Senhora me tomou em seus braços; depois deste dia, Mãe querida, a senhora me protege aqui embaixo.
Para conservar a minha inocência.
a Senhora me colocou em doce ninho,
a Senhora protegeu a minha infância
na sombra de um claustro bendito.
Mais tarde, ao tempo da minha juventude,
de Jesus ouvi o chamado, ouvi o apelo!...
Em sua inefável ternura,
a Senhora me mostrou o Carmelo.
"Vem, minha criança, sê generosa",
dizia-me a Senhora, com doçura;
"Perto de mim serás feliz,
vem imolar-te pelo teu Salvador."
sábado, 11 de setembro de 2010
SEMEIA SEMPRE...
No campo, tu és um semeador.
Não podes fugir a responsabilidade de semear.
Não digas que o solo é árido, que não chove freqüentemente,
Que o sol queima , ou que a semente não serve.
Não é a tua função julgar a terra e o tempo.
Tua missão é semear. A semente é abundante!
Um pensamento , um sorriso, um olhar carinhoso, uma palavra suave,
um gesto de compreensão,
um copo de água são sementes que germinam facilmente.
Não semeies descuidadosamente
como quem cumpre uma missão superficial ou forçada.
Semeia com interesse, com amor, com atenção,
Como quem encontrou nisso o motivo central de sua felicidade.
E ao semear, não penses: quanto receberei em troca?
Quanto demorará a colheita?
Recorda que não semeias para te envaidecer, para receberes agradecimentos.
Tu semeias porque não podes estar ocioso,
porque não podes viver sem dar e sem doar-te.
És dono de ti mesmo, da vida e do Universo!
Tua semente, pois, não cairá no vazio.
Sem esperar recompensa, tu a receberás.
Sem esperar riquezas, tu enriquecerás.
Sem contar com a colheita, tudo se multiplicará.
E isso, porque tu semeias no Reino onde dar é receber,
Onde perder a vida é encontrá-la, onde gastar servindo é aumentar.
Semeia, semeia sempre, em todo terreno, em todo tempo, em
todo lugar a boa semente. Com amor e interesse: como se
estivesse semeando o próprio coração."
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
O LÁPIS
Com um lápis
pinto o céu de estrelas
pinto o chão de flores
pinto o mundo de alegria.
Com um lápis
escrevo o que sinto
escrevo o que vejo
escrevo o que imagino.
Com um lápis
pinto a minha vida
umas vezes de preto
outras de cor-de-rosa.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
AS BOLAS DE SABÃO
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as coisas,
São aquilo que são,
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
Alberto Caeiro
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O BALÃO
Ele viajou em um balão
Para o lugar que sempre sonhou
Conheceu coisas que sempre imaginou
Sonhou em ser ator
Palhaço de circo.
Presenciou uma revolução de amor
Revolucionou seus sentidos
Teve tudo que sempre pediu
Viajando em seu balão.
Viu guerras e destruição
Fome e desunião
Viu a Dona Morte
Olhou em seus olhos
Até que o amor o salvou
E continuou viajando em seu balão.
Foi a uma terra encantada
Nada confuso
Flores e sois... Animais
Tudo tão bom e puro
Até que o amor acabou
Seu sonho morreu
Pereceu desolado
Encontrou a dor e findou
Simplesmente morreu.
Morreu de amor
E não por que o balão furou.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
INDEPENDÊNCIA OU MORTE
O dia sete de setembro de 1822
Foi escolhido por Dom Pedro para marcar
Nossa emancipação política de Portugal
No Rio de Janeiro e nas províncias
A Independência foi saudada com entusiasmo
Absolutistas, Aristocratas e Democratas
Incentivaram o rompimento com as Cortes
Para colocar em prática seus projetos políticos
Quase dois séculos depois ainda clamamos por independência
O Brasil continua um gigante adormecido em berço esplêndido
Esperando dos governantes atitudes menos hipócritas
Para fazer aflorar o verdadeiro ideal democrático desta nação.
John Vask
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
SONETO 35
Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;
Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te recuso, e me convenço
Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso
domingo, 5 de setembro de 2010
RESTAURAÇÃO
Esta igrejinha de pedra,
Por escravos foi construída.
Deixada em completo abandono,
Ficou totalmente esquecida.
Formando uma paisagem entristecida,
Ficava a pobre igrejinha
Escura, sem cor e sem vida.
Anos e anos se passaram
Caiu a madeira apodrecida
Da igrejinha só restaram
Algumas pedras erguidas
Mas a igrejinha de pedra
Dos pobres escravos, o suor,
Por todos foi esquecida.
Menos por nosso Senhor.
Que com pura simplicidade
Frei Miguel para cá enviou
Que com coragem e piedade
As ruínas da igrejinha olhou.
É um sacerdote decidido,
Dinâmico, forte e trabalhador.
Por todos muito querido,
E da igrejinha o salvador.
Se puseram a trabalhar
Com esforços desmedidos
Para a igrejinha restaurar.
Hoje 9 de setembro de 1984,
A igrejinha restaurada
Parece um fulgurante astro.
Seu nome, Pedra do Indaiá, exalta felicidades,
Aos pés da igrejinha está.
sábado, 4 de setembro de 2010
A ABELHA
A abelha que, voando, freme sobre
A colorida flor, e pousa, quase
Sem diferença dela
À vista que não olha,
Não mudou desde Cecrops. Só quem vive
Uma vida com ser que se conhece
Envelhece, distinto
Da espécie de que vive.
Ela é a mesma que outra que não ela.
Só nós — ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! —
Mortalmente compramos
Ter mais vida que a vida.
Ricardo Reis
Amar talvez seja isso... Descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz.
- UM JOVEM QUE ACREDITA NA VIDA...
- PEDRA INDAIÁ-MG, MINAS GERAIS, Brazil
- "Cada dia é preciso realizar um pouco mais do que se deve." (Frei Anselmo) Essa página e para partilharmos poemas, fotos, histórias e lembranças. As histórias e lembranças aqui postadas nos mostra que dia após dia, hora após hora, minuto após minuto estamos escrevendo a nossa história. Escrevemos nossa história no coração das pessoas com as quais nos relacionamos, com as pessoas da nossa família, da vizinhança, com as pessoas amigas e companheiras de caminhada. Escrevemos nossa história nos lugares onde vivemos. Deixamos nossas marcas nas árvores que plantamos, nas casas onde estivemos, ali fica registrada a nossa história. De uma maneira ou de outra, sabemos que nossa história fica escrita. Mas fica uma questão: que tipo de história estamos escrevendo? Meu desejo aqui e escrever uma historia bonita. “uma história que ajude os outros a escrever a própria história.” Guilherme Santos
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