Arranco os pedaços de versos
que guardo no ventre
e choro a dor lacerante que
me adelgaça a cintura.
Não queria abandoná-los
assim, ensanguentados,
serenos, miseráveis,
apaixonados, ainda!
Não queria largá-los
à podridão do tempo
mas o vento que outrora
me desfolhava e os versos levava
fugiu de mim.
Não arrasto sozinha o peso das palavras
que te dedico.
Não amo o suficiente a solidão
das noites em que me sinto pontapeada.
Não suporto mais a veemência
ilusória dos dias partilhados.
Arranco os pedaços de versos
e deito-me no leito
da minha crueldade,
à espera que isso me fortaleça.
Vera Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário