O vaso desta flor, que morre breve,
feriu-o um dia um leque distraído,
e de um golpe tão rápido, tão leve,
que nem se ouviu o mínimo estalido.
Mas a tênue ferida traiçoeira,
no límpido cristal rasgando a
traça, lentamente cresceu, de tal maneira,
que, invisível, o vaso todo abraça.
Gota a gota, fugiu-lhe a água do seio,
que seiva, às flores, o perfume amado;
ninguém, por ora, o caso a saber veio.
Não lhe toqueis, porém: - está quebrado!
Tal, às vezes, da linda mão querida
tocado, o coração chora e padece;
e, enfim, cedendo à pérfida ferida,
parte-se, e a flor do seu amor
fenece.
Perfeito e alegre ele parece ao mundo;
porém, sem a denúncia de um gemido,
sente o golpe crescendo-se profundo...
Não lhe toqueis: - é um coração partido!
RENÉ FRANÇOIS ARNAUD PRUDHOMME
(Poeta francês - Trad. de Valentim Magalhães)
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