
Sabemos que o envolvimento é o que chamamos na relação de reciprocidade e responsabilidade conjunta. O processo da realização no amor não se faz sozinho, é óbvio. Requer, portanto, compromisso, engajamento, envolvimento da própria vida. Ninguém faz o outro feliz querendo apenas receber, ser cuidado e amado. Tem que se dá, tem que envolver o coração e todo o ser. Caso contrário um só é beneficiado, não sei se feliz, porque a felicidade verdadeira é essencialmente doação, saída, altruísmo. Casa-se para fazer o outro feliz, mas como se esquece rápido desta verdade inalterável! Daí que logo chegam as cobranças, a indiferença, a desconfiança da opção, as crises com o primeiro filho, com a mudança de vida familiar, com os negócios e até com a estética.
Quem ama se envolve, caminha junto, constrói a dois a história. Quem ama não trai, não mente, não simula para o outro, não destrata, não faz sofrer. Quem ama não cobra perfeição, mas promove a confiança e admite a liberdade de que o outro é falho, tem limites, pode errar, mas não nos fará o mal porque o amor quer sempre o bem do objeto amado. Santo Agostinho afirmava: “Ama e faze o que queres!”, ou seja, quando amamos de fato não somos capazes de fazer o mal ao outro. Quando amamos de verdade o pedido de desculpas e perdão não está ausente do nosso vocabulário, porque amar é também recomeçar cada dia na confiança e na conquista do outro. Amar de verdade é se envolver para desenvolver a capacidade de dar a vida pelo outro, nas dores e nas alegrias. Isto não é uma utopia, mas o sonho de Deus e seu projeto de felicidade para a relação entre o homem e a mulher, segundo o seu designio. E isto é possível viver, ao contrário do que o mundo tenta nos convencer.
O envolvimento tem perdas e ganhos. Aprende-se com o outro cada dia na escola da relação. Perder pode nos parecer humilhante quando calamos mesmo certos, quando evitamos a desconfiança, a ofensa nas palavras e indiferença, quando renunciamos nossas vontades para promover o outro e para fazê-lo feliz, quando somos tolerantes com as fraquezas do outro, quando exercitamos o elogio e as palavras afáveis mesmo quando se torna difícil. Isto não é fingimento, mas amor provado que também precisa disto para voltar ao frescor. A arte do cultivo diário através da reivenção na criatividade do amor é o segredo para aquele namoro que nunca perde sua juventude, seu vigor, sua profecia, inclusive dentro do casamento. Mas, importante e indispensável lembrar: quando Deus é a primazia na relação e na vida pessoal de cada um, então tudo isto se torna incansável,mas um prazer e uma alegria, um contínuo desenvolvimento porque uma constante doaçaõ de si ao outro na força do amor de Deus.
Antonio Marcos
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