quarta-feira, 28 de março de 2012

QUARTA DOR...

Et bajulans sibi crucem, exivit in eum
qui dicitur Calvarie locum...
S. Joan., XIX, 17


















IV

Nossa Senhora encontra-O... Se não fora
O eterno sopro que do Céu lhe vinha,
Diante dessa visão contristadora,
Certo caíra a pálida Rainha.

É Ele, o seu Filho amado: a luz que doura
O seu cabelo, é sangue: linha a linha,
É sangue o rosto: e a barba, que entre loura
E negra está, clarões de sangue tinha.

Verga-lhe as Pernas o Madeiro: os braços
A sua Mãe estende-lhe, chorando,
Ante a incerteza dos seus pobres Passos.

Sob irrisórios aparatos régios,
Tudo se apronta para o mais nefando,
Para o mais infernal dos sacrilégios...

V

Se puderas, Senhora, nesse instante
Tomar-lhe a Cruz que os Ombros lhe crucia,
E levando-a, seguir agonizante
Pela santa montanha da agonia...

Com que sorriso excelso no semblante,
Por entre sombras de melancolia,
Das nuvens sob o pálio suavizante,
A tua Alma de mãe não seguiria!

Oh Porta celestial do Paraíso,
Ante a esperança dos teus olhos venho
Mover-te à compaixão de que preciso.

Possa eu, Poeta da morte, Alma de assombros,
Um dia carregar o santo Lenho
Sobre o esqueleto dos meus frágeis ombros!

VI

Magnificat anima mea Dominum...

"Bendita sois entre as mulheres!" Puras
Irradiações de salmos encantados
De glória a ti, Senhora, nas alturas,
Por séculos de séculos sagrados.

Vejo, no entanto, as tuas Amarguras...
Senhora, que há de ser dos desgraçados,
Se tu, a mais feliz das criaturas,
Tens os olhos em lágrimas banhados?

Feliz, bem sei, pois és quem Deus mais ama...
"Donde me vem que a Mãe do Verbo eterno
Me venha a mim?" Santa Isabel exclama.

Passa-te na Alma a inspiração sublime:
E dos teus lábios desce o brando e terno
Hino que a glória da tua Alma exprime...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amar talvez seja isso... Descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz.

Minha foto
PEDRA INDAIÁ-MG, MINAS GERAIS, Brazil
"Cada dia é preciso realizar um pouco mais do que se deve." (Frei Anselmo) Essa página e para partilharmos poemas, fotos, histórias e lembranças. As histórias e lembranças aqui postadas nos mostra que dia após dia, hora após hora, minuto após minuto estamos escrevendo a nossa história. Escrevemos nossa história no coração das pessoas com as quais nos relacionamos, com as pessoas da nossa família, da vizinhança, com as pessoas amigas e companheiras de caminhada. Escrevemos nossa história nos lugares onde vivemos. Deixamos nossas marcas nas árvores que plantamos, nas casas onde estivemos, ali fica registrada a nossa história. De uma maneira ou de outra, sabemos que nossa história fica escrita. Mas fica uma questão: que tipo de história estamos escrevendo? Meu desejo aqui e escrever uma historia bonita. “uma história que ajude os outros a escrever a própria história.” Guilherme Santos

Seguidores