erat excisum de petra.
S. Marc., XV, 46

I
Só! e ao redor de ti, Senhora, olhaste:
Gemia a solidão de extremo a extremo.
E o infinito silêncio interrogaste
Com a clemência do teu olhar supremo.
Goivos tristes penderam, suaves, da haste,
Orvalhados na dor do pranto extremo,
Os mesmos olhos com que tu choraste
Quando ouviste rugir o ódio blasfemo.
Asas de cisne, além, pairava, incerto,
O ermo clarão do luar sobre o deserto,
Indefinido e irial, dos olhos teus...
Virgem da Soledade, ancila triste,
Ah! quem dissera a mágoa que sentiste:
Ser do Céu e viver longe de Deus!
V
Havias, pois, de vê-Lo, muito em breve,
Na suprema hierarquia do infinito,
No trono de ouro nacarado em neve,
Sublime e santo, como estava escrito.
Mas, agora, choravas. E que leve
Véu te enublava o olhar nos astros fito:
A lembrança cruel da Parasceve
Vinha magoar-te o coração bendito.
Ei-Lo embaixo da Cruz pesada e amara,
Que envilecera a tantos, mas que santa,
Por Lhe haver dado a morte, se tornara.
Sobe, gemendo, as infernais escarpas:
Na eternidade um coro se alevanta
De violinos, de cítaras e de harpas...
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