et ego dolentes quaerebamus te.
S. Luc., II, 48

I
Eram pastores rudes e pastoras
Que o sol do Oriente em beijos enrubesce,
E transforma em visões encantadoras
Na suavidade da alva que amanhece:
Eram bandos de velhos, e de louras
Crianças gentis, as mãos postas em prece,
Frontes humildes, Almas sonhadoras,
Por onde a benção do Senhor floresce:
Era a sublime adoração do povo,
À luz daquele celestial Presepe,
Diante do leito de um menino novo:
Diante do leito em que Ele adormecia,
Hoje de flores, amanhã de crepe,
Berço de Deus, Santo-Sepulcro um dia...
VI
Mãos que os lírios invejam, mãos eleitas
Para aliviar de Cristo os sofrimentos,
Cujas veias azuis parecem feitas
Da mesma essência astral dos olhos bentos:
Mãos de sonho e de crença, mãos afeitas
A guiar do moribundo os passos lentos,
E em séculos de fé, rosas desfeitas
Em hinos sobre as torres dos conventos:
Mãos a bordar o santo Escapulário,
Que revelaste para quem padece
O inefável consolo do Rosário:
Mãos ungidas no sangue da Coroa,
Deixai tombar sobre a minha Alma em prece
A benção que redime e que perdoa!
VII
Doce consolação dos infelizes,
Primeiro e último amparo de quem chora,
Oh! dá-me alívio, dá-me cicatrizes
Para estas chagas que te mostro agora.
Dá-me dias de luz, horas felizes,
Toda a inocência das manhãs de outrora:
As colunas de nuvens em que pises
Transformam-se em clarões de fim de aurora.
Tu que és Rosa branca entre os espinhos,
Estrela no alto mar e torre forte,
Vem mostrar-me, Senhora, os bons caminhos.
Que ao meditar as tuas Sete Dores,
Eu sinto na minha alma a dor de morte
Dos meus pecados e dos meus terrores...
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